Na sessão de Câmara da última terça-feira, familiares, amigos e pessoas que sempre ajudaram Dalva em sua carreira política estavam no plenário para acompanhar o anúncio da vereadora, que traria um grande impacto na política local. Ela comunicou ainda na primeira parte da sessão, no pequeno expediente, a sua desfiliação do PSDB. Em tom de desabafo, Dalva Berto fez um discurso carregado de emoção e falou de sua trajetória no partido, de seu lançamento como pré-candidata a prefeita e do desenrolar de sua decisão de concorrer na próxima eleição ao posto de chefe do Executivo dentro do partido, que teria culminado em um isolamento dela e de seus apoiadores nas decisões do diretório tucano no município.
Entre os familiares de Dalva estavam seus filhos Bruno, Danilo e Juliana, o marido Neivaldo Berto e seu pai Luiz Dias da Silva, o genro José de Souza Neto e a nora Gláucia Brogliato Berto. Também estavam presentes na sessão o líder da igreja Assembleia de Deus – Ministério Belém em Valinhos, pastor Antonio Constantino Vieira, e demais pastores da cidade que apóiam a vereadora.
Dalva disse que sua missão é difícil, mas com ajuda que sempre teve iria realizá-la. “Embora esteja eu com problemas pessoais fortíssimos, compareço perante todos para dar satisfação de uma importante e difícil decisão que tomei no dia de hoje [terça-feira]. Iniciei minha missão política no PSDB e isto eu jamais vou esquecer. Por este partido fui eleita vereadora e depois reeleita. Por isso, meus laços com os companheiros do PSDB jamais se romperão. Continuo admirando a maioria, afinal, estas pessoas se tornaram parte da minha história. O meu crescimento e amadurecimento político me levam a renunciar aos meus
interesses pessoais e assumir outras missões e tarefas, afinal como dizia o poeta ‘o tempo não para’. Nesta manhã [terça-feira] entreguei um documento no qual solicito a minha desfiliação do PSDB. Todos devem imaginar o que isto significa. Teremos dias duros pela frente, e para isto quero ampliar ainda mais as minhas amizades e minha representatividade política”.
Segundo Dalva, “a luta por espaço dentro do PSDB estava insuportável e desigual. O caminho do partido foi traçado sem me consultar e sem que os dirigentes levassem em conta as regras do estatuto do partido”, acusou.
IsolamentoA situação de Dalva Berto começou a ficar complicada dentro do partido, de acordo com ela, desde que manifestou sua intenção de ser pré-candidata a prefeita. “A direção partidária fechou as portas para mim. Fui totalmente excluída. Hoje não tenho nenhum espaço no partido. Todos os meus apoiadores foram retirados da direção partidária. Diante de total falta de democracia interna e de total falta de transparência nas decisões internas, restou-me partir. De coração partido, me desfiliei do PSDB, mas a vida continua, não sou a primeira, não serei a última. A Constituição diz que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. Assim, vou cumprir meu mandato o qual foi dado pelo povo e em seu nome o exerço. Cheguei aqui pelas mãos e pelos votos da minha comunidade, continuarei esta missão respeitando a todas as mulheres e todos os homens de bem que confiaram em mim”.
Aos ex-companheiros de partido, Dalva desejou sorte e sucesso. “Para os amigos que lá permanecem, peço compreensão e
respeito, pois assim tratarei a todos. Coloco-me à disposição para o diálogo em favor da nossa cidade”.
Fazer o melhorConforme explicou Dalva Berto em seu discurso, o que importa é fazer o melhor para o povo, “deixar as nossas vaidades de lado. Eu tenho aprendido com Deus, com nosso pastor que tem nos ensinado dentro da Palavra de Deus, que se alguém lhe pedir a túnica, lhe dê a capa também. É isso que eu disse um dia, quando fui pressionada, presidente do partido que fui, a deixar o partido, entregar a presidência do partido a outro, e eu me desprendi de tudo, entreguei a presidência do partido acreditando no ideal maior, acreditando na união de todos. Mas, não foi assim que aconteceu. Daí para frente continuei sendo discriminada, continuei sendo desprezada”.
Dalva revelou que muitos partidos a procuraram, mas que decidiu permanecer calada sem sinalizar para onde vai. Ela explicou que o momento agora é de reflexão, de estar com a família. “Não sei do meu futuro político, o que vou fazer, mas sei que eu tenho o apoio de todos aqueles que estão aqui junto comigo, chorando, rindo, nos momentos alegres e difíceis da minha vida. Eu tenho muito orgulho de ser vereadora desta cidade, de ter sido presidente desta Casa, e ter sido a 1ª mulher presidente deste Legislativo, e sei que exerço minha função com dignidade e respeito a todos que aqui estão e todo povo que aqui esteve ou entrou aqui”, finalizou Dalva e foi aplaudida em pé pelo publico presente.
